domingo, 19 de outubro de 2014

Notas Sobre Anatomia Funcional - Parte 3

E seguem as notas a respeito do material do Cressey/Robertson: Building the Efficient Athlete, lembrando que a série de dvds é muito mais abrangente, eu é que me detive nesse aspecto: Considerações relacionadas à anatomia funcional. 

Aos que não leram as 2 primeiras partes, aí vão os links:
Notas em Anatomia Funcional - Parte 1.
Notas em Anatomia Funcional - Parte 2.

Um grande abraço a todos e espero que me perdoem a demora eterna em publicar, aproveito e agradeço as muitas manifestações de apreço que recebo, obrigado gurizada!


Notas Sobre Anatomia Funcional - Parte 3
Marcus Lima


Fibular Longo: 
Função Primária: Eversão (abdução do pé), contribui na flexão plantar.

Implicações:
- Normalmente rígidos/sobrecarregados juntamente com o gastrocnêmio/sóleo. Os flexores plantares normalmente são sobrecarregados, pensar em quantos passos são dados diariamente (ou corridas, etc.) reforçando essa rigidez/atividade anormal.  

Desequilíbrio entre Flexores plantares x Dorsiflexores. Problemas na perna podem causar problemas mais acima na cadeia cinética. 










Gastrocnêmio/Sóleo:
Gastrocnêmio à esquerda e sóleo a direita
Função Primária: Flexão plantar; flexão do joelho (gastrocnêmio). Ainda que sejam referidos normalmente em conjunto e tenham funções semelhantes, tem algumas funções diferentes (lembrar que só o gastrocnêmio cruza a articulação do joelho)

Implicações:
- Desequilíbrio muscular na perna: gastrocnêmio/sóleo rígidos/sobrecarregados X dorsiflexores (como o Tibial Anterior) fracos/inibidos.
Flexão plantar
- Pensar no item anterior, e na falta de mobilidade de tornozelo que vemos em grande parte das pessoas, ao prescrevermos exercícios para a perna (como os exercícios com foco na panturrilha, tão comuns em academias).

- Problemas na panturrilha refletem em problemas como: tendinoses no tendão calcâneo, fasciite plantar (Lembrar da Linha/Trilho Superficial Posterior - Thomas Myers: O conhecido conceito das continuidades de fáscia e/ou continuidades mecânicas interligando diferentes locais do corpo ao qual o Myers chama de trilhos, em uma analogia com linhas férreas. Poderíamos chamar também de cadeia posterior).
Linha Superficial Posterior
(da fáscia plantar até a fáscia do couro cabeludo)


Oblíquo interno:

Função Primária: Flexão do tronco (ação bilateral), rotação do tronco (ação unilateral em conjunto com o oblíquo externo oposto).

Implicações:
- Recrutado mais para flexão do tronco do que para retroversão da pelve. 















Transverso abdominal:


Função Primária: Expiração forçada, “encolher a barriga” (abdominal hollowing) – aumento da pressão intra-abdominal.

Implicações:
- Ganhou muita fama como promotor da saúde lombar no final da década de 90 e início da década de 2000 (provavelmente devido a um estudo de Paul Hodges e Carolyn Richardson, que demonstrou que indivíduos com dor lombar crônica tinham atividade diminuída do transverso abdominal, mais precisamente um atraso na ativação, quando comparados a indivíduos saudáveis).

- Stuart McGill, conceituado pesquisador canadense, advoga o uso de bracing (técnica de “enrijecer” a parede abdominal) para ter um tronco estável ao realizar tarefas, com cargas pesadas principalmente. Vejo muito uma combinação de respiração diafragmática (aumentando a pressão intra-abdominal, como um balão cheio de ar) + a técnica de bracing. O resultado (ao menos empiricamente) é um tronco estável e apto a receber carga.

- A menos que haja alguma questão específica, treinar o transverso é algo que não deveria nos preocupar.


Multífidos:



Função Primária: Estabilização segmentar (entre os segmentos vertebrais), propriocepção espinhal.

Implicações:

- Similar ao transverso abdominal, abordado anteriormente, em casos de dor lombar tendem a estar inibidos ou com atraso de ativação.

- A função proprioceptiva, talvez seja a mais importante, informando ao sistema nervoso central o que está ocorrendo na coluna.









Glúteo Máximo:


Função Primária: Extensão, rotação externa e abdução do quadril.

Implicações:
- Tendem a estar fracos e com comprimento muscular maior do que o normal (“alongado”) devido à anteversão pélvica.

- Fraqueza/inibição, leva a uma série de problemas: estiramentos de adutores e isquiotibiais (estes 2 problemas provavelmente ocorrem devido a uma dominância dos sinergistas, os auxiliares, na extensão do quadril. O velho caso de: Se o Chefe-glúteo não faz seu trabalho os Auxiliares-isquiotibiais-ou-adutores tomam a tarefa para si, e sobrecarregados tendem a sofrer lesões). Dores lombares podem ter relação com fraqueza/inibição do glúteo máximo (de novo, se o glúteo não faz o trabalho, provavelmente a quantidade de extensão lombar aumenta em uma tentativa de compensar).

- Não basta somente ativar os músculos (com progressões de pontes ou progressões em 4 apoios), estes músculos precisam ser mais fortes também.

- Relação com a síndrome do deslizamento anterior da cabeça femoral (impacto anterior no quadril). O glúteo, por ter inserção direta no fêmur, tem papel importante em manter a cabeça do fêmur contra o acetábulo, controlando uma rotação apropriada na articulação (um eixo de rotação correto e equilibrado), puxando a cabeça do fêmur posteriormente. Se por exemplo os isquiotibiais assumem o trabalho principal na extensão do quadril, a alavanca produzida por eles faz com haja uma translação anterior da cabeça do fêmur = impacto anterior no quadril = dor anterior no quadril (Essa é uma teoria da fisioterapeuta Shirley Sahrmann, sugiro a leitura de seu livro: Diagnoses and Treatment of Movement Impairment Syndromes).

Espero não demorar tanto tempo para publicar a próxima...

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