terça-feira, 23 de junho de 2015

Movimento dos Olhos

Outro artigo escrito pela Kathy Dooley, gosto muito desta série de anatomia que ela escreve no seu site: drdooleynoted.com. Aos que quiserem ler outros artigos sobre o mesmo tema adaptados para o português, podem achar aqui no blog e também no Blog da Fortius

Para os que preferem a leitura no original em inglês: Anatomy Angel: Eye Movement.
Boa leitura aos amigos!


Movimento Ocular
Kathy Dooley


Em todo tempo que passei aprendendo o movimento humano, nunca houve nenhuma ênfase a respeito da importância de observar o movimento do olho.
Então, no meu treinamento no curso nível III do NKT nós passamos horas estudando isso. (N.T: O NKT - Neurokinetic Therapy é um método que usa os testes musculares isolados manuais, ao estilo Kendall & Kendal com princípios tirados da Cinesiologia Aplicada).

Eu fiquei fascinada em como o movimento ocular é conectado à padrões de movimento globais.

6 músculos extraoculares rodam o olho ao longo de 3 eixos de movimento. 4 músculos de orientação reta (N.T: Músculo reto: superior, inferior, medial, lateral) envolvem o olho, fornecendo movimento norte/sul, leste/oeste. 2 músculos de orientação oblíqua fornecem angularidade ao movimento (N.T: Músculo oblíquo: superior e inferior).







Olhe para baixo, para o seu dedo mínimo do pé. Os pequenos músculos extraoculares não tem nem a metade da espessura e comprimento desse dedo. Ainda assim, estes músculos trabalham com o sistema vestibular para mostrar onde estamos no espaço em relação ao horizonte. 

Diferentes músculos estão encurtando e alongando a todo momento para coordenar o movimento dos dois olhos. Esta figura abaixo mostra como os músculos trabalham juntos:


LEGENDA:
RS: Reto Superior
RL: Reto Lateral

RM: Reto Medial
RI: Reto Inferior
OI: Oblíquo Inferior
OS: Oblíquo Superior


Para onde se movem os olhos, a cabeça e a coluna tendem a ir atrás. Se você está sempre olhando para baixo, a cabeça e a coluna tenderão a cair em flexão. O mesmo se aplica ao se olhar para cima e para os lados, com a cabeça e a espinha seguindo o movimento ocular.

Se o objetivo desejado do movimento requer rotação em determinado eixo, o cliente pode ser ensinado a fazer com que os olhos liderem o movimento (N.T: Fazendo com que o cliente olhe para um determinado ponto que sirva de referência e que coincida com o objetivo do movimento desejado. EX: Se o movimento requer uma rotação, ao cliente pode ser dito: "Olhe para o extintor de incêndio atrás de você").

O mesmo se aplica quando se quer prevenir um determinado movimento. Se o seu objetivo é não deixar o cliente estender demais a lombar em determinado movimento, não deixe que ele olhe muito para cima.

Movimento neutro do olho = tendência de uma coluna neutra.

Se algum paciente/cliente tem intolerância à flexão da coluna lombar, ele precisa ser ensinado a evitar ficar olhando muito tempo para baixo.

Movimentos globais podem ser ensinados em relação ao movimento do olho. Se o objetivo é ensinar um cliente/paciente a engatinhar com uma coluna neutra, eu quero que ele olhe para frente, com bom centramento da coluna neutra. Não quero essa pessoa olhando para 
baixo OU para cima se o neutro é o objetivo.



Se existe muita extensão lombar no kettlebell swing, não deixe o cliente olhar muito para cima.

Se está difícil de manter uma boa sincronicidade de ativação do núcleo (N.T: Núcleo, tradução em português da palavra em língua inglesa "core") para poder respirar calmamente, para caminhar ou correr - para onde o cliente está olhando?

Dê ao movimento do olho um dia de sua atenção e veja os resultados que irá obter por si mesmo. Então, ensine seus clientes/pacientes como usar este movimento reflexo do olho para melhorar padrões de movimento globais.


Como sempre, é com você.

terça-feira, 2 de junho de 2015

Anatomia do Trapézio Superior

Outra peça sobre anatomia da ótima Kathy Dooley, quiroprata, anatomista, instrutora da Neurokinetic Therapy.
Por ter extensa experiência em dissecação, Kathy escreve muitos artigos sobre relações anatômicas em seu site: drdooleynoted.com.
No site da Fortius, há outro artigo traduzido desta série: Conexões do Psoas.

Aos que quiserem ler o original em inglês: Anatomy Angel: Upper Trapezius.

Boa leitura aos amigos.

Anatomia do Trapézio Superior
Kathy Dooley



O trapézio é um músculo fascinante que assiste no movimento e estabilidade espinhal, assim como no movimento do ombro.

Este músculo leva seu nome em virtude da sua aparência trapezoide. Ele se origina no crânio, estendendo seu comprimento até a última vértebra torácica (meio das costas).
Ele se direciona lateralmente para inserir na parte espinhosa posterior da escápula e na parte pontuda, o acrômio, assim como na clavícula.

Este músculo é considerado um músculo dos membros que move o ombro e o pescoço, com pouca habilidade de mover o meio das costas. Através de suas conexões fasciais, ele com certeza estabiliza o movimento espinhal, primariamente no plano sagital.
Este músculo é um potente extensor.
O trapézio é o único músculo dos membros inervado pelo nervo cranial - mas não é inervado pelo tronco cerebral.

O ramo ventral (nervos motores e sensoriais) vindo da 1ª a 5ª vértebras cervicais, sai da espinha e toma um rumo ascendente para entrar no crânio, apenas para sair do crânio e atingir as placas motoras (N.T: Placa motora é a junção da extremidade de um ramo do axônio, com a célula muscular). Que é onde estes ramos inervam o trapézio e o esternocleidomastóideo.
Então, o trapézio é inervado pela parte superior do pescoço. Compressão articular de baixo nível nesta área, leva a uma facilitação aumentada das fibras superiores do músculo.

Nós adquirimos esta curva do pescoço quando começamos a tentar sustentar a cabeça para cima após nascermos. 

Muitos de nós ainda estão usando o pescoço para dominar o movimento.
Sustentar a cabeça foi uma de nossas primeiras grandes conquistas. Somos programados para buscar estabilidade e movimento ali.


O trapézio superior tem a função de elevação e rotação superior da escápula, assim como flexão lateral e extensão cervical. Basta imaginar um encolhimento de ombros para ver a ação do trapézio superior.

Este músculo está em uma relação de força com o trapézio inferior e serrátil anterior para a poderosa ação de rotação superior da escápula.

Mas quando há compressão do pescoço ou o trapézio superior está trabalhando demais (N.T: Do termo em inglês "overused"), esta azeitada relação de forças é perturbada. Uma vez que o trapézio insere na clavícula e no acrômio, ele acaba influenciando no movimento da articulação acromioclavicular. Esta articulação permite movimentos acima da cabeça.

Então, o mesmo músculo que facilita movimentos acima da cabeça, pode na realidade impedi-los quando está sobrecarregado. Se é permitido ao trapézio superior ser dominante nos movimentos, a biomecânica do ombro é alterada significativamente. Instabilidade do ombro irá se seguir logo.

Então, a maior parte dos problemas do ombro se inicia como problemas do pescoço. Lembre-se: É o trapézio superior que se insere no pescoço e no crânio. Se você está focado na mecânica do ombro sem levar em consideração o pescoço, você está perdendo informações importantes.

Avalie o pescoço.

Então, avalie o sistema de forças do trapézio superior/trapézio inferior com o serrátil anterior. Inicie aqui, depois parta para outros motores primários do ombro, como o peitoral maior e grande dorsal. Sem esquecer dos estabilizadores, como os músculos do grupo manguito rotador (N.T: Supraespinhoso, infraespinhoso, redondo menor e subescapular).

Mas não pule o pescoço e a coluna. Na verdade eu encorajo as pessoas a começarem a investigar ali. Se seu cliente ficar inquieto do porque você não estar avaliando o "ombro", explique a parte anatômica do trapézio superior e suas inserções, assim como a inervação que vem do pescoço.


Como sempre, é com você.